segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O casal e o urso

Estória essa, simplista, não como as demais....
Constituídas por um casal que, estranhamente, vivia no solitário da vida.

Longe de qualquer possibilidade de civilização. Tinham a casa de madeira com um fogão, uma mesa, um armário, uma cama e umas coisinhas ali e aqui
Feito cenário de Hollywood.

Problema havia com certeza, pois sem ele não haveria estória.

O casal não era perfeito...Mesmo porque perfeição é muito relativa e blablabla.
O homem era bruto, duro, indecente. Não era meigo como sua mulher..Cuja voz era suave como a brisa do fim da tarde. Ela era um verdadeiro anjo...Convivendo com o diabo em pessoa. Mas o problema não era esse

O problema era o urso, referido no título.

Sempre que a mulher ia falar algo...O urso começava a berrar, deixando todos surdos.

Era o cotidiano de discussão, junto da impossibilidade da mulher falar...

"O que há de errado com esse urso maldito?"-Pensava a mulher, inconformada.
"Será que meu marido o treina?"

E os anos se passavam rapidamente. Não havia um momento sequer de paz naquele lugar. Era briga e urro e urso o tempo todo.

O homem , em tais circunstâncias, achava que a mulher nunca tinha o que responder...Então ela provavelmente havia perdido a discussão. Como qualquer fala dela era encoberta pelo urso barulhento....Ele nunca a escutou.

Em uma discussão, ele sabia pegar pesado.

Sabia olhar para ela como você ,leitor, olha para esse texto e dizer:
Eu sei porque você ainda está aqui! Está aqui porque lembra daquele dia em que fizemos a fogueira, tomamos vinho e fizemos amor. Ou quando ficávamos abraçados em algum lugar no mundo, e eu falava no seu ouvido que nunca você ficaria sozinha ou triste. E você lembra até hoje daquele cheiro, daquele gosto jovem em nossas bocas, daquela mão apertada forte em dias de medo, daquela luz que eu fazia em dias de escuro. Daquele cobertor nos dias de frio. Era eu, era tudo eu.

A mulher chorava. Ela ainda queria abraços. Mas só os dele serviriam. Ela dizia para ele voltar a ser aquele homem. Mas ele não a escutava mais. O maldito urso não deixava.

Então ele achava que estavam bem, os dois

O casal.

Ai a mulher pegou a espingarda (Outro acessório que compunha aquela casinha, bem no meio do nada) E não hesitou.

Atirou no urso. Cuidado, ursos são violentos. Mas a mira dela não era a das melhores.
Acertou o marido.

Que se foi, achando que estava certo e que estar certo é muito relativo e blablabla.

A mulher chorou por infinitos dias. E o urso parou de gritar com ela.
Não tinha mais interrupções. Nem tinha mais o que fazer o com o que se preocupar.

Um dia, o urso e ela, ela e o urso, se olharam. E ai ela entendeu tudo.