terça-feira, 26 de abril de 2011

Pra não dizer que eu só falei das flores

Em mais um dia, em mais um lugar, em meio a milhões, ou simplesmente sozinhos, nós retomamos a nossa velha questão, metafísica, superfilosófica...Chame como quiser, mas creia que não passa de uma questão cotidiana. Uma questão , então, trivial.
A boa e velha questão da existência...

Por que raios eu existo?
Por que, ó céus, eu existo?
Por que a minha existência?

Engraçado é poder ver as milhões de respostas prontas, vindas de todo o lugar.
Uns gritam que é Deus. Uns gritam que é Alá. Uns gritam que é só uma vida das milhões de vidas que você já viveu.
Outros dizem que é acidente. Aleatório. Tanto podia ser quanto podia não ser.

Entao, tão concentrados em nossa indagação existencial, nunca paramos para pensar.

E se só você for o verdadeiro ser existente, e o resto for fantasia?
Esse blog é um pensamento seu, transfigurado em uma tela desligada de computador.
Seus amigos também não existem. Nem seus pais. Você vive em um hospício e criou uma realidade paralela.

Hollywoodiana demais essa intriga psicológica.

Ouvi isso e me intriguei também. Quem sabe com intrigas, minha existência não se torne só medíocre, e sim um pouquinho suportável.

Não sei se meus amigos, colegas, família, são só uma grande mentira.

Porque se o mundo fosse só eu...
Acho que um dia, eu acordaria da minha viagem de realidade paralela, e me depararia com um deserto
Só haveria deserto.
Nesse dia, eu olharia pro deserto. Andaria nele. Andaria nele até não poder mais.
Agora, sabendo que não há mais ninguèm pra apreciar, pois tudo foi fruto de minha insanidade.... Sairia a procura de algo.

Quem sabe de uma flor que me vislumbrasse ou uma melodia de vento que me conquistasse.
Tudo isso pra me contentar com a pouca beleza da realidade
E a música soaria baixinho em meus ouvidos enquanto eu apreciasse a flor.
E andaria novamente. E imaginaria estar no hall da fama, com meus amigos que nunca existiram.
Com a vida que nunca tive.
Com aquele alguém que nunca fui.
E com minha indagação de existência, que ficou pra trás.
Junto com o vento, junto com a flor.
Junto comigo mesmo

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Silêncio

Mais de mil toneladas.
Não minto. Mais de mil!
Vieram em forma de papel para minha residência.
Vindas de milhões de poetas de todo o lugar.
Todos tentando me convencer de que eram, por fim, os melhores poetas já existentes.
Capricharam na ortografia, abusaram (e como) da métrica e pra melhorar...
Falavam só de amor! Amor amor e mais amor!
Como se fosse algo pouco polêmico, pouco subjetivo...
Ou até para doer na carne...
Existente!
Querem o que? Que eu chore? Hein? Acham mesmo que escrever histórias em verso sobre algum jovem imbecil que se apaixona (tudo em malditos decassílabos!) tocaria meu coração e me faria chorar sobre as lembranças de uma juventude perdida, tendo por hora um momento nostálgico, dramático e epifânico? Ora, faça me o favor me morrer!
Poeta burro!
Ser um velho moribundo como eu nunca se tornou um programa solene e agradável, apenas recheados de boas lembranças. Ser velho tal como eu é uma maldição vinda das mais profundas profundezes do Hades!

Joguei todas as tentativas de poesia no fogo e acendi meu cachimbo, olhando longamente para a chama colorida, que queimava as tintas e os sonhos utópicos. Aqueci-me com o fracasso coletivo, dando um leve sorriso ao desgosto alheio.

Entre uma tosse e outra, olhei para o chão, e vi um poema que não havia tido o mesmo destino dos irmãos bastardos. Peguei-o com raiva, e como ele iria arder em pouco tempo nas chamas eternas de minha lareira, lio-o com rapidez.
Estava escrito : "O maior poema de todos os tempos..." Prolongou as reticências pela frente e verso da folha, escrevendo no final: "É o silêncio".
Olhei de novo, inspirando fundo. Remetia-me a Hamlet, é claro. Mas me deixou meio indignado...Por que alguém escreveria alguma babaquice dessas? Se bem que silêncio é meio poético de vez em quando... Pensei um pouco sobre silêncio. Lembrei-me do silêncio que fiz enquanto levava bronca, com 7 anos, após "aprontar" algumas. Ou do siléncio que fiz em meu aniversário de 12 anos, quando cortava o bolo.
Houve também o silêncio do funeral de minha tão doce vó, quando tinha 14.
Teve o silêncio que fiz quando ia dar meu primeiro beijo.
O silêncio que fiz curtamente antes de gritar "sim" no altar...

Também lembro do silêncio que fiz quando minha amada mulher estava deixando este mundo. Ela, que havia me ensinado a rir, a chorar, a amar, a levar a vida na brincadeira quando a seriedade se tornava inviável, agora estava em seu leito, com aquele silêncio tão misterioso e tão claramente óbvio.
Lembro-me que ela pediu para esse asqueroso ser humano chamado eu, para deitar ao seu lado. Fui. E fui em silêncio. E me deitei em silêncio. E fiquei em silêncio. Ela pediu para eu apagar a luz, e juntos, contemplarmos o silêncio.
No começo, eu estava em uma aflição que nem os deuses nem os homens poderiam sequer descrever. A aflição de querer dizer simplesmente tudo, tudo, antes que não desse mais tempo...E não poder.
Mas logo vi que o silêncio seria nossa única forma de nos entendermos completamente. Eu só via a escuridão, mas de alguma forma, o rosto dela aparecia claro pra mim, e sorria. Sorria o sorriso mais belo que alguém poderia sorrir. Ela enxergava minha dor, ela enxergava meu desespero, mas com o siléncio, ela dizia que estava tudo bem. E que tudo, mas tudo, iria ficar bem. E eu me acalmava.
Acalmei quando vi que palavras são deveras desnecessárias nessas horas.
Não queria nada de ruim para ela. Eu nunca havia amado alguém tanto quanto ela. Nosso relacionamento foi o maior clichê possível. Era aquele romancezinho de colegial que durara até os dias de nossa velhice. Era a loucura mais absurda de todas eu estar do lado dela sem falar nada. Com tanto desespero, ainda assim fui calado pelo silêncio. Que era minha única forma de lucidez. Que era minha única forma de saber que estava fazendo a coisa certa. E o silêncio, maldito silêncio....
Depois de alguns minutos, o silencio a levou embora...
Pra nunca mais voltar...
E eu fiquei sozinho... Em pleno silencio...
Uma lágrima correu em meus olhos depois de lembrar dessa história. Peguei o poema, amassei lentamente e joguei no fogo com uma serenidade maior. Lembrei que quando fico em silêncio, minha amada parece voltar, e somos felizes de novo. Ela sorri pra mim o sorriso mais lindo. E palavras são, novamente, dispensáveis.
Fim do meu cachimbo, olho para o fogo....
Não existe o maior poeta do mundo tampouco o maior poema.
Existe o maior silêncio.
Que é o meu.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Vamo que vamo

Oi gente boa. Eu há muito tempo que não escrevo como um blogueiro usual, me comunicando com vocês em o uso de poesias metafóricas.
E ai, tudo bom?
Eu, só pra vocês saberem, faço Ciencias sociais na unifesp, Que fica, a propósito, longe para caralho da minha casa. Faço teatro, tenho banda, tento escrever, tento fazer filmes, amo skate, e não consigo mas não consigo nem fudendo parar de me fuder.

Sou cético em relação a absolutamente tudo. Deus não, valeu. Só afrodite. Indisposto a dar maores explicações, acabo por passar grande parte dos encontros sociais falando sobre nietzsche ao invés de "como a mina da academia é gostosa"

Brincadeira, não fico discutindo de nietzsche não...mas a recorrência da frase anterior usada como um mecanismo de defesa é muito bem vinda em minhas horas de insegurança.

Acabo lendo na biblioteca da faculdade, e por não saber nada sobre nada, fico na filosofia socrática de me entregar à ignorância e ter a arte da proxologia, invariavelmente vingada com o propósito de dissipar a atenção por vez trazida do leitor, assim sendo menos intrínseco a conclusividade com quem não possui prepotência de vocábulos altamente pouco aparecíveis.

Saca...falar complicado pra falar legal.
Enfim, vou morrendo a cada dia. Entre a comédia da vida e a tragédia da morte.
Acho que basicamente é isso.
Não sei nem por que que escrevo tais coisas. Irrelevante..como a maioria dos pensamentos via twitter e facebook de nossa juventude afundada no tédio e no entretenimento barato.
Vamo que vamo então. Pá. É isso ae

terça-feira, 5 de abril de 2011

100

100 postagens nessa merda...23 seguidores
Mais ou menos um seguidor novo a cada 5 postagens.
E mais um blog vai crescendo.
Pra vocês, não sei se tiveram epifanias, ou pelo menos, um breve momento de reflexão lendo os textos.
Mas eu posso afirmar com todo o pequeno orgulho que tenho, que com certeza eu pude me conhecer melhor escrevendo
'Escrever é libertar nossos fantasmas, para que eles nos falem quem nós realmente somos"
Bonito, poético.
Como tudo na vida.
E eu? Queria ser franco de vez em quando.
Queria poder falar para as pessoas o que eu realmente penso.
Queria perder meus medos.
Mas vou escrevendo isso tudo...
E minha vontade de escrever aumenta.
Junto com minha vontade de ir embora dessa vida
Sair deste corpo
E simplesmente desaparecer.
E quando vejo...
Já tem 100 posts
Nesse blog.
E não sei mais o que fazer

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Carcereiro

Esse título. Carcereiro. Sou eu. Sou eu.
Não me venha com perguntas de como, onde ou por que...
As coisas simplesmente são o que são. As vezes, com o perdão da rima, sem explicação ou razão.
E na prisão...Encontro quem?
Ela
Ela presa. Eu tento soltá-la. Sou carcereiro porra! Claro que consigo te tirar daí.
Ela nunca sai.
Ela nunca quer sair.
O problema, que me persegue desde o primeiro texto desse humilde blog, é que eu...
Sem nenhuma desavença com a minha ética profissional...
Me apaixonei..
Me encantei...
Enlouqueci deveras...
Enfim, me perdi em meio aos olhares de uma prisioneira mal-tratada.

Ofereci muitas vezes a liberdade.
Ofereci tudo que havia no mundo ao meu poder.
Mas ela diz que prefere ficar presa.
Nunca entendi o porquê.
Ela diz que também não entende. A dúvida torna-se recíproca.
Ela diz que o mundo lá fora é hostil. E que, na pior das situações, ficar lá dentro é o melhor que ela pode fazer.
Eu incessantemente argumento que lá fora o mundo é lindo.
Mas ela não quer lá fora.
Ela quer aqui dentro.
O mundo acinzentou, e para ela, o cinza tornou-se o novo arco-íris de suas noites de chuva sem se molhar.
Eu, sem ter o que fazer, abro sua cela
Fico sentado ao lado dela.
E nós, sem muito o que fazer, nos focamos em fingir que o mundo na verdade é lindo lá dentro.
Eu me esforço para diverti-la.
Levo jantar, levo vinho, levo baralho...
E ela diz que está feliz em me ter por perto.
E que ama tudo aquilo que eu faço.
Mas se ao menos ela saísse pela porta comigo...
Se ao menos ela entendesse que...
Não importa. Minha hora de ir visitá-la chegou.
Vou-me embora.
Alimentar esse estranho amor.
E pra mim, amores nunca foram coisas socialmente corretas e perfeitamente funcionais.
É sempre essa loucura de ir-e-vir.
De viver e morrer.
E no meio dessa metafísica do sentimento exarcebado e de crises existencialistas...
O que mais me intriga
O que nunca me deixa dormir
Não é por nao saber o motivo pelo qual ela quer ficar presa...
Mas é por nao saber o motivo pelo qual eu me tornei um carcereiro...