segunda-feira, 4 de abril de 2011

Carcereiro

Esse título. Carcereiro. Sou eu. Sou eu.
Não me venha com perguntas de como, onde ou por que...
As coisas simplesmente são o que são. As vezes, com o perdão da rima, sem explicação ou razão.
E na prisão...Encontro quem?
Ela
Ela presa. Eu tento soltá-la. Sou carcereiro porra! Claro que consigo te tirar daí.
Ela nunca sai.
Ela nunca quer sair.
O problema, que me persegue desde o primeiro texto desse humilde blog, é que eu...
Sem nenhuma desavença com a minha ética profissional...
Me apaixonei..
Me encantei...
Enlouqueci deveras...
Enfim, me perdi em meio aos olhares de uma prisioneira mal-tratada.

Ofereci muitas vezes a liberdade.
Ofereci tudo que havia no mundo ao meu poder.
Mas ela diz que prefere ficar presa.
Nunca entendi o porquê.
Ela diz que também não entende. A dúvida torna-se recíproca.
Ela diz que o mundo lá fora é hostil. E que, na pior das situações, ficar lá dentro é o melhor que ela pode fazer.
Eu incessantemente argumento que lá fora o mundo é lindo.
Mas ela não quer lá fora.
Ela quer aqui dentro.
O mundo acinzentou, e para ela, o cinza tornou-se o novo arco-íris de suas noites de chuva sem se molhar.
Eu, sem ter o que fazer, abro sua cela
Fico sentado ao lado dela.
E nós, sem muito o que fazer, nos focamos em fingir que o mundo na verdade é lindo lá dentro.
Eu me esforço para diverti-la.
Levo jantar, levo vinho, levo baralho...
E ela diz que está feliz em me ter por perto.
E que ama tudo aquilo que eu faço.
Mas se ao menos ela saísse pela porta comigo...
Se ao menos ela entendesse que...
Não importa. Minha hora de ir visitá-la chegou.
Vou-me embora.
Alimentar esse estranho amor.
E pra mim, amores nunca foram coisas socialmente corretas e perfeitamente funcionais.
É sempre essa loucura de ir-e-vir.
De viver e morrer.
E no meio dessa metafísica do sentimento exarcebado e de crises existencialistas...
O que mais me intriga
O que nunca me deixa dormir
Não é por nao saber o motivo pelo qual ela quer ficar presa...
Mas é por nao saber o motivo pelo qual eu me tornei um carcereiro...

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