domingo, 11 de julho de 2010

Ab imo pectore

Olá caro amigo! Esta é a primeira vez que escrevo para o blog, e confesso que não sei por onde começar. Muitas coisas passam por minha cabeça, mas poucas podem (ou devem) ser escritas. Agradeço ao dono do blog por dar-me esta oportunidade, e espero poder participar cada vez mais desta iniciativa.


Bom, vamos ao que interessa.

Como alguns sabem, estou cursando o segundo semestre da faculdade de Direito, e mesmo que tenha pouco tempo de estudos, pude observar certas ações que me colocam a pensar na classe de pessoas que estão sendo formadas por este sistema.

Durante o colégio, sempre me foi ensinado que era meu dever estudar em uma faculdade de “primeira linha”. Estudar para o vestibular tornou-se uma obsessão, sendo que seria uma vergonha não conseguir estudar em tais faculdades. Todavia, durante este período, também ouvi comentários preconceituosos e elitistas sobre as faculdades consideradas “de segunda”.

Nunca concordei com tais posições, pois sempre acreditei que a faculdade não faz o profissional, e sim que a pessoa moldar-se-á conforme seu esforço individual. Claro, existem os cursos que irão incentivar de maneira mais forte tal sucesso, porém tenho a forte convicção que não devemos tratar com preconceito as faculdades “Uni X”.

Muitos de nós tivemos a chance (e a sorte) de poder estudar em colégios top, fazer cursinho e entrar em faculdades renomadas. Não obstante, vivemos em um sistema onde as oportunidades são escassas e dependem muito da condição financeira de cada um. Não entrarei neste mérito, pois creio que discutir o Capitalismo e suas contradições seria um pouco pretensioso de minha parte.

Pois bem, creio que seria oportuno exemplificar-lhes tal idéia. “A” mora em São Mateus, região carente do ABC. “A” nunca teve uma vida fácil, e trabalha desde pequeno para garantir alguma renda para sua família. Recentemente, “A” conseguiu certa estabilidade financeira e decidiu avançar seus estudos para o nível superior. Todos os dias, “A” acorda de madrugada, para trabalhar na Av. Paulista, em um renomado escritório da área tributária. Ao sair do trabalho vai à faculdade (Unip) e, finalmente, chega a casa às 00:00 horas.

A cada dia que passa, eu vejo o esforço que muitos jovens como “A” fazem para evoluir e continuar em sua cruzada. Me é inconcebível observar que pessoas, que se auto proclamam “intelectuais”, chegam a tratar de maneira preconceituosa tais estudantes.

Não defendo a mediocridade, muito pelo contrário, mas acredito que o caminho mais coerente para a evolução intelectual da juventude é este, pois acreditem ou não, estas faculdades ensinam a mesma coisa que faculdades top, porém seus ensinamentos têm uma carga mais técnica do que filosófica.

Sendo assim, acredito que todos deveríamos pensar duas vezes antes de julgar tais instituições, pois elas podem ser a única base para jovens, que como nós, querem crescer e sair de suas posições estagnadas.

Pois então, este preconceito totalmente irracional deveria cessar. Claro, existem divergências institucionais e educacionais entre as universidades “classe A” e “classe B”, mas, estas diferenças seriam suficientes para subjugar e desmoralizar os estudantes e suas conquistas? Deixo-lhes esta incógnita, que ao menos para mim, segue sem solução.

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