quarta-feira, 10 de março de 2010

O som do fim dos tempos...

“Acordamos e levantamos com a maior rapidez que podíamos ter. Corremos até o topo da mais alta montanha, para ver se nosso sonho havia chegado. Se Deus tinha atendido nossas preces. Mas nada havia. Nada, senão a greande perdição de toda a humanidade. Fomos dormir de novo, bravos por não termos sido ouvidos. Mas a noite era mais curta do que um simples piscar de olhos.Um piscar de olhos naqueles cujos olhos estavam sobrecarregados de lágrimas. O dia de novo apareceu para nós. Nós todos nos levantamos, e em uníssono gritamos para que alguém nos ouvisse. Subimos ao topo da montanha novamente. Cansados? Talvez. Talvez abalados também. Mas olhávamos para o fim das terras, e o fim dos mares. Nada lá havia. Nada senão a imensa escuridão que clareava o dia perdido. Esperamos. Esperamos. O tempo era nosso maior inimigo. O resto não nos pesava mais. As cargas eram como penas. Os chicotes eram como afagos. A vida era como uma grande mentira, e ninguém sabia da verdade.Queríamos ela, mas ela não chegava. Ela não aparecia. Chorei. Caí prostrado ao nada. Estava desistindo. Estava morto. Todos nós. Todos.
O que me fez olhar mais uma vez para cima foi a gota d’agua que caira sobre minha cabeça. Olhei. Então caiu outra, e outra, e outra. Em poucos minutos, estávamos dentro de um temporal. Não entendi porque. Via raios, mas nenhum trovão se ouvia. Pensei que era o grande silêncio. O silêncio que antecede o grande barulho. Assim como nas sinfonias de Beethoven. Assim como nas tempestades. Assim , como deveria ser. Tocou-se então a trombeta. O mar se abriu, o céu se rasgou. E ela chegou e nos carregou. Nos carregou. Fomos levados. Nada mais havia se não ela. Alguns não sabiam o que era, mas eu de certo e mais certo sabia muito bem; Ela era a liberdade. E por ela fomos enfim, libertados...”

Texto feito por um dos poucos escravos letrados da época da guerra de secessão, nos Estados Unidos, falando sobre o fim da escravidão no sul. E traduzido por mim da forma mais esforçada possível.

3 comentários:

  1. é, na época a 'liberdade' era a mais breve.. morte .-.

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  2. Tana eu suponho que você seja o AK. Tomara, se não for, diz para o Tana que é para ele. É a Fê, a propósito. Eu gostei bastante do blog, gostei dos textos do "verdades alheias". O seus textos (pelos menos os que eu acho que são seus) são bem o seu estilo e tambem gosto. A Iara me pediu para dar uma olhada.. eu nao li os textos dela..
    Estou um pouco cansada de mais com a vida de cursinho e não estou afim de me focar em um assunto só que no momento não me interessa. Vocês discutirem assuntos alternos é um jeito bacana e descontraído.. E mostra que pessoas com 17 anos também pensam. Gostei da idéia, continue que assim ta realmente interessante. beijo da insuportável Fê.

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  3. Fernanda não é realmente voce, é apenas um anonimo tirando comigo neh?

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